Milton Ribeiro é pastor, teólogo, advogado e ex-ministro da educação do governo de Jair Bolsonaro. Em contrapartida, Milton Ribeiro também é o homem que disparou, acidentalmente, uma arma de fogo ao manuseá-la de forma incorreta e imprudente no Aeroporto de Brasília. Milton Ribeiro é um homem armado.

O disparo atingiu e feriu uma mulher que trabalhava no local. O episódio simulou (de forma verídica) um fato que pode ser vivido diariamente caso o desejo – ou obsessão – de armar a população, do Presidente da República, Jair Bolsonaro, se torne realidade.

“Eu quero todo mundo armado”, já repetiu o presidente inúmeras vezes durante o seu mandato. Todo mundo? Tudo mundo quem? Milton Ribeiro? Você? Seus filhos? O João, nascido no morro, negro e pobre? O dr. João, nascido em berço esplêndido, branco e milionário? Todo mundo é muita gente, seu presidente!

Brasil é o país acima de tudo, e que tem Deus acima de todos. Milton Ribeiro está acima do país? O que se sabe é que Milton Ribeiro estava armado. Este é o fato.

Não está claro se o ex-ministro iria embarcar com a arma na cabine ou despachar na mala, nem se ele tinha recebido autorização para portá-la naquele local. O que está claro é que ele, Milton, causou um acidente. Feriu “levemente” uma trabalhadora. Sorte. Ou azar. Depende do ponto de vista. 

A população armada pode contar com a sorte? E a desarmada? Pode essa trabalhadora ser colocada em risco para que o ex-ministro da Educação ande com uma arma de fogo carregada em sua pasta? Quantas vezes ela poderá contar com a sorte?

Arma é sinônimo de segurança, só não sabemos ainda de quem.

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