O mercado imobiliário de Goiânia e Aparecida de Goiânia experimentou uma forte valorização de imóveis novos este ano. No primeiro quadrimestre de 2022, o preço médio do metro quadrado dos imóveis nas duas cidades ficou em R$ 9.133, um valor 14% maior que em todo ano passado. Entre os motivos para esta alta, estão o aumento dos custos da construção civil, incluindo materiais e mão de obra, e até o incremento da demanda, mesmo com os juros dos financiamentos imobiliários mais altos. De janeiro a abril, as vendas foram 63% maiores que no mesmo período do ano passado. 

Foram vendidas 4.065 unidades, contra 2.500 no primeiro quadrimestre de 2021. É o que mostra a pesquisa divulgada ontem pela Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO). O bom desempenho do mercado também continua motivando as incorporadoras a lançarem novos empreendimentos. O número de unidades lançadas aumentou 188% este ano: foram lançadas 4.237 unidades, praticamente o triplo do mesmo período de 2021. Já o valor geral de vendas (VGV) destes imóveis cresceu 150%, refletindo o impacto do aumento nos preços.

Para o presidente da Ademi-GO, Fernando Razuk, se continuar neste ritmo, o mercado deve encerrar o ano com volume de vendas acima das 10.234 unidades comercializadas em 2021, que já foi o ano de maior volume de vendas dos últimos dez anos. Segundo ele, uma das causas deste bom desempenho é o fato de Goiás ter a segunda maior projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano do País: 3,8%. “Enquanto a intenção de compra de imóveis no País caiu de 42% no ano passado para 36% este ano, em Goiás ela se manteve em 42%”. 

Para Razuk, o período de instabilidade econômica e política, com custo de vida em alta, também incentiva a compra de imóveis, por conta do ganho com a valorização, já que os investimentos rendem pouco acima da inflação. Ele diz que a tendência é que o preço dos imóveis continue subindo nos próximos meses por causa do impacto da inflação do custo da construção. “Além disso, no dissídio dos trabalhadores da construção, no último mês de abril, houve um aumento de 12%, que ainda está sendo repassado ao preço de venda dos imóveis”, diz. 

Marcos Túlio Campos, da EBM, em obra no Setor Oeste: alta demanda / Foto: Wesley Costa

O diretor de Incorporação da EBM Desenvolvimento Imobiliário, Marcos Túlio Campos, conta que a empresa atua em várias praças e foi obrigada a aumentar seus preços por causa dos custos. Ele informa que Goiânia foi uma das regiões que mais reagiram positivamente, com as vendas dobrando e uma valorização real dos imóveis, que chegou aos 15% em alguns bairros e produtos. “A demanda está aquecida por parte de investidores e de muita gente que passou a buscar imóveis melhores e melhor localizados”, ressalta. A empresa lançou dois empreendimentos este ano, sendo que um deles foi 95% vendido logo no lançamento e o mais recente teve 70% das unidades comercializadas. “Muita gente entende que este cenário de juros altos é momentâneo”, diz. 

Eloy Pinheiro, da GPL, em obra no Setor Marista: recuperação dos preços em relação ao custo da
construção / Foto: Wesley Costa

Para o gerente comercial e de marketing da GPL Incorporadora, Eloy Pinheiro, o mercado vive hoje um período de maior estabilidade, por conta dos juros mais altos. Mesmo assim, a empresa continua acreditando no mercado e lançando. O próximo, segundo ele, acontece em setembro. “Hoje temos uma realidade diferente em relação aos financiamentos. Mas isso deve melhorar. O investidor que não depende de crédito continua comprando”, explica Eloy. Para ele, o boom do mercado em 2021 contribuiu para a recuperação dos preços em relação ao custo da construção, o que deve continuar nos próximos anos.

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*Com informações de G1