Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento, afirmou que há um entendimento entre membros da nova administração de que podem ter ambições políticas em 2026 que só terão chances se “a casa for arrumada” em 2023. Isso, segundo ela, apesar das diferenças de visão entre ministros do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com Tebet, o governo trabalha com responsabilidade fiscal para poder garantir uma melhoria social no país.

A ministra foi uma das palestrantes da conferência de empresários realizada hoje na capital portuguesa e organizada pelo Lide. Além dela, o evento conta com ministros do STF, o ex-presidente Michel Temer e outros atores da vida política nacional.

Ao responder a perguntas de diferentes empresários, ex-ministros e até de ministros do Supremo, ela admitiu que seu “ministério não é fácil”. “Temos de dizer os nãos”, afirmou. A ministra destacou como herdou uma “confusão” diante de um déficit deixado de 2% do PIB, de R$ 231 bilhões. “Para crescer, temos que ter um superávit de 2%”, afirmou.

A ministra admitiu que ela e Fernando Haddad, ministro da Fazenda, têm divergências. Mas que, para sua “surpresa”, o ministro tem sido “grande parceiro”.

“Ele (Haddad) sabe da responsabilidade que o Brasil não vai voltar a crescer com juros de 13,25%. Só temos isso por não fazer lição de casa”, insistiu.

Para a ministra, apesar da existência de “divergências”, ela garante que o que une os diferentes membros do governo é maior, que é voltar a dar condições para o crescimento do país e o combate contra a pobreza.

Tebet insistiu que será “austera” e que sabe que deverá receber “cartões amarelos”. Mas que vai procurar Lula se ver que corre o risco de receber um “cartão vermelho”. “É minha responsabilidade dizer se temos recursos ou não, se temos espaço fiscal”, insistiu.

“Só vamos crescer quando fizermos o dever de casa: a reforma tributária, um novo arcabouço fiscal, e a mensagem ao empresário de que temos um ambiente seguro.

Tebet também destacou que “não tem medo de embates, nem de ser derrotada”. Mas insistiu que, no governo, “todos sabemos da gravidade do momento”. “Não haverá 2026 se não fizermos dever de casa em 2023”, insistiu.

A ministra afirmou que tem “consciência de seu papel” e que se considera como uma operadora de voo em um grande aeroporto internacional.

Para ela, o governo primeiro precisa zerar o déficit fiscal para voltar a crescer, “cortar onde precisar cortar”, mas “manter a dignidade” dos valores em programas como Bolsa Família.

“Temos uma missão pela frente. Uma determinação de que possamos acabar com a miséria. Diminuir a pobreza e tirar o Brasil do mapa da fome”, disse.

Na visão da ministra, “o cobertor é curto” e que isso vai exigir “escolher prioridades”.

*com informações de UOL

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