O ex-prefeito de Anápolis, Ernani de Paula, denunciou na quarta-feira (21) em suas redes sociais, suposta contratação de empresa especializada em marketing político com dinheiro da prefeitura, sem licitação e às vésperas do início da corrida eleitoral deste ano. De acordo com Ernani, a empresa trabalharia para a campanha da primeira-dama do município, a a deputada estadual Vívian Naves (PP), e para a campanha ao senado de Alexandre Baldy (PP).

O Goiás Notícia teve acesso ao documento que embasou a denúncia e apurou que o atual prefeito de Anápolis, Roberto Naves (PP), decretou a contratação da empresa Vitorino & Mendonça LTDA e a declarou inexigível de licitação. Esse método é usado pela administração pública para fazer a contratação de forma direta, nos casos em que o objeto do contrato é caracterizado como inviável para competição. A empresa contratada atuou, por exemplo, na campanha de Geraldo Alckmin (PSB) para presidente em 2018.

Segundo o documento, a empresa deveria ofertar cursos temáticos para os servidores públicos e Secretários Municipais com “objetivo de treiná-los e capacitá-los para o novo momento da comunicação pública digital”.

A Vitorino & Mendonça negou que os treinamentos tenham acontecido e afirmou não ter recebido nenhum valor da prefeitura.

A denúncia de Ernani incluiu fotos de palestra conduzida pelo Secretário Municipal de Comunicação, Eventos e Modernização (SECOM) Rodrigo Bitonti Tizziani. Ele foi uma das pessoas que estiveram à frente da contratação da empresa de marketing. Além disso, em agosto, Rodrigo deixou a SECOM para se dedicar à coordenação da comunicação da campanha de Vivian Naves e de Leandro Ribeiro, um dos integrantes do grupo político do prefeito. 

Em entrevista ao Goiás Notícia, Rodrigo Tizziani foi questionado sobre sua participação na campanha de Vivian Naves e reafirmou sua atuação como coordenador.

Tizziani também frisou que as fotos contidas na denúncia do ex-prefeito “eram sobre um encontro que fizemos durante a campanha com os apoiadores para o lançamento da campanha digital” e que não estavam relacionadas ao treinamento que seria oferecido aos funcionários públicos.

As postagens originais foram excluídas juntamente com o perfil @rodrigotizziani no Instagram. O secretário afirmou que a decisão foi baseada em “questões pessoais e familiares”.

Foto: Reprodução/Redes sociais

CONTRATO

Documento disponível no portal da transparência do município de Anápolis com as assinaturas de Rodrigo Tizziani e Roberto Naves. Foto: Reprodução/Prefeitura de Anápolis

No dia 18 de maio deste ano, a prefeitura de Anápolis publicou um contrato no valor de R$243.200,00 com a empresa Vitorino & Mendonça, especializada em consultoria de marketing político. 

A suposta irregularidade do contrato deu origem a uma notícia de fato criminal anônima registrada junto ao Ministério Público de Goiás. O Goiás Notícia teve acesso ao ofício protocolado em outubro pela Procuradoria Geral do Município em que a defesa afirma que “a contratação não se efetivou por decisão do então Secretário Municipal de Comunicação, Eventos e Modernização, após orientação e sugestão desta Procuradoria-Geral do Município”.

Segundo Tizziani, o procurador o orientou a desistir da contratação para que o treinamento não fosse relacionado ao período eleitoral. Rodrigo também destacou que a contratação foi iniciada em janeiro, mas, devido aos trâmites burocráticos, só foi efetivada em maio, às portas da corrida eleitoral. Ele afirma que os treinamentos não ocorreram e a empresa não recebeu nenhum valor.

Nota da Prefeitura de Anápolis

“A Prefeitura de Anápolis informa que o contrato em questão nunca foi efetivado e nenhum serviço foi prestado pela referida empresa à Prefeitura de Anápolis.

O processo para a contratação teve início ainda no mês de janeiro de 2022. Devido a atrasos nos trâmites administrativos internos, ao se aproximar o período eleitoral, a Secretaria Municipal de Comunicação consultou a Procuradoria Municipal sobre a contratação neste período, prezando sempre pela legalidade do processo. Após parecer da Procuradoria, o Município desistiu da contratação, não tendo firmado qualquer contrato com a empresa”.

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