O incrível caso do secretário que caiu porque fez o certo, na prefeitura de Goiânia

Ao anunciar que o cientista contábil Vinicius Henrique Pires Alves, seria o novo Secretário Municipal de Finanças da capital, em substituição a Geraldo Lourenço, o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) pode ter exposto a estratégia do presidente do Republicanos do Distrito Federal, Wanderley Tavares, juntamente com a direção nacional do Republicanos, de tentar passar a ideia de redução da influência da turma de Brasília na gestão da capital goiana. Mas conseguiu exatamente o contrário: mostrar que quem manda na prefeitura é ‘Brasília’, e não ele, Rogério.
Em nota à imprensa, a Assessoria de Comunicação do prefeito Rogério Cruz informou que o pedido de demissão de Geraldo Lourenço era decorrente do desejo dele de retomar sua carreira pública. Nos bastidores, porém, isso não se confirma.
O que se conclui é que, apesar de todo o espírito de gratidão e os agradecimentos pelo bom trabalho e desempenho durante o tempo de serviço prestado verbalizados por Rogério Cruz, na prática ele agradou uma parte e desagradou outra do chamado “grupo de Brasília”, que define os rumos da gestão desse que ele assumiu – e que é liderado por Wanderley Tavares.
Nesta quinta-feira (24) vieram à tona detalhes dos reais motivos que causaram a exoneração de Geraldo Lourenço. Segundo matéria de O POPULAR, o secretário de Finanças de Goiânia teve embates com Wanderley envolvendo repasses de recursos para empresa de transporte que presta serviços à Prefeitura. O que, se comprovado, é mais do que uma nova crise: é um escândalo, já que envolve recursos públicos e o gerência externa comprovará na administração.
O presidente do Republicanos do Distrito Federal teria se irritado com a recusa de Geraldo em autorizar a liberação de um crédito suplementar de R$ 17,24 milhões para a Ita Empresa de Transportes, e articulado a queda do secretário. Segundo relatos de funcionários da pasta e vereadores, o dirigente partidário esteve na Sefin na terça-feira (23) minutos depois do anúncio público da troca do secretário. A visita ocorreu antes que Geraldo fosse comunicado de sua exoneração.
Quem é que manda?
O Republicanos têm se preocupado com a imagem de que o grupo de fora é que dá as cartas na gestão da Prefeitura de Goiânia, sendo responsável pelos principais desgastes da administração do prefeito.
O que fica exposto, com mais este caso envolvendo os “estrangeiros”: a ideia de manipular a imagem da gestão municipal não foi bem articulada, e a tentativa de manter a influência de “Brasília” longe dos holofotes fracassou.
Rogério, por sua vez, terá agora de analisar se compensa continuar sendo manipulado, tal como uma marionete, por seu partido, ou se é melhor arcar com as consequências do rompimento com quem o tutela. E isso antes que o escândalo chegue à Câmara e resulte em impeachment.
Além deste risco, o fardo de uma má gestão pode resultar não somente em uma reeleição perdida, mas também em uma vida pública marcada pela falta de personalidade e de futuro político.
Leia também: https://goiasnoticia.com.br/artigo/paco-a-passo-para-a-derrota-antecipada/