Um vídeo registrou o momento em que uma policial militar agrediu dois homens, com braçadas em seus órgãos genitais, em uma abordagem policial na zona norte da cidade de São Paulo. As imagens circularam nas redes sociais nos últimos dias. A abordagem teria acontecido no início da última semana na rua Aparecida do Taboado, na região da Brasilândia.

Em um áudio, um dos jovens abordados disse que ele e mais dois amigos são vítimas de abordagem violenta da Polícia Militar (PM), e que irá procurar as autoridades para denunciar o que chamou de ‘tortura’. Segundo o advogado Ariel de Castro Alves, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, os agentes cometeram crimes de “abuso de autoridade, lesão corporal, importunação sexual ou até tortura” .

A PM informou à reportagem, por meio de nota, que abriu procedimento interno para analisar a conduta dos policiais que aparecem no vídeo participando das agressões.

A corporação não informou, no entanto, quando e por quais motivos os policiais militares (ao menos uma mulher e um homem) abordaram e revistaram os cinco jovens que aparecem na imagem (duas garotas e três rapazes). A Polícia Militar também não comentou se a policial mulher poderia revistar os rapazes e nem divulgou os nomes dos agentes e suas patentes.

De acordo com o áudio de uma das vítimas, ele e seus dois amigos estavam na comunidade quando a viatura da Polícia Militar passou e ordenou que eles parassem. Um dos rapazes então deitou a bicicleta que usava na rua, juntamente com um celular preso no guidão, que foi acionado para gravar a abordagem.

Nas imagens é possível ver motos paradas que também teriam sido apreendidas por falta de documentação. Os veículos seriam de alguns dos jovens.

No vídeo, é possível ver o momento que a policial militar, aparece com a arma em punho ordenando com palavrões que os jovens parem: “Desce todo mundo, vai! Desce, caralho!”

Um policial militar homem diz ainda para o grupo: “É para aprender.. Olhar pra trás por quê? Alguém autorizou você olhar pra trás?”

Na sequência, a policial militar aparece atrás de um rapaz, que está de pernas abertas e mãos atrás da cabeça e fala: “Afasta mais… Afasta mais, afasta mais” . Na revista, a mulher dá um golpe com o braço direito em direção a genitália dele, que diz: “Ai, cara…”.

Em seguida, ela aparece sorrindo e vai revistar o outro jovem. As imagens mostram que a PM conversa com uma outra pessoa enquanto revista o suspeito. “Está achando graça?”, diz a policial. “Por quê? Tá rindo do quê?”

Em seguida, a policial que havia golpeado o primeiro jovem dá dois golpes com o antebraço nas partes íntimas do segundo rapaz. Ele chega a erguer os pés com o impacto do golpe.

O vídeo termina com uma voz masculina, que seria do policial militar, dizendo: “Já era…”

O que diz uma das vítimas

“A gente tava em três. Tava o meu amigo na bike. Eu a pé e o outro amigo meu também a pé. Na hora que a mulher chega abordando, ele tá na bike. Ele coloca a bike no chão e coloca o celular no chão também. E o celular fica gravando e ela não se toca. E acabou gravando a situação”, diz um dos rapazes num áudio.

“A gente já está acostumado: Comunidade sempre ter abordagem agressiva. Sempre que a gente vê a viatura a gente já bota para gravar o áudio ou já bota na câmera [que estava presa no guidão da bike, que foi colocada no chão] para gravar. Aí dessa vez a gente deu sorte. A gente pegou”, comenta o jovem.

“Tinha um homem na abordagem e era ele que tinha que fazer a revista. E não uma mulher. E acho que esse é um crime de tortura. A gente vai tomar as medidas cabíveis”, fala o rapaz.

Especialista critica abordagem

O advogado Ariel de Castro Alves, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, assistiu ao vídeo e falou que a abordagem realizada pelos policiais foge do que determina o Procedimento Operacional Padrão (POP) da PM. No entendimento dele, os agentes cometeram crimes militares ao agredir os jovens.

“Pode configurar , falou Ariel à reportagem. “Além disso, conforme decisão recente do STJ [Superior Tribunal de Justiça], as abordagens só podem ocorrem diante de fatos concretos e fundadas suspeitas de que as pessoas tenham cometido crime, estejam armadas ou com drogas.”

O que diz a PM

Por meio de nota, divulgada por sua assessoria de imprensa, a PM informou à reportagem que vai apurar a denúncia de violência policial registrada no vídeo:

“A Polícia Militar esclarece que a instituição não compactua com desvios de condutas de seus agentes. Qualquer irregularidade é investigada e punida de maneira exemplar. Em relação ao caso citado, foi instaurado procedimento interno para avaliar a ação operacional e a conduta dos policiais”, informa o comunicado.

“A Polícia Militar informa que a equipe já foi identificada e o caso está sendo apurado para aquilatarmos todos os detalhes que envolveram a intervenção policial e os seus desdobramentos. Esclarecemos ainda que os fatos se deram na região da Brasilândia”, termina a nota da PM.

*Com informações de G1

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