Ao detalhar a decisão liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) que extingue toda a operação Cash Delivery durante a coletiva de imprensa realizada em Goiânia na última terça-feira (02), Jayme Eduardo Rincón mostrava grande satisfação por finalmente poder falar depois de tanto, nas suas palavras, “apanhar calado”. O curioso – ou estratégico? – é que Marconi Perillo, outro alvo da operação, se absteve da comemoração.

Nesta terça-feira (11), a Coluna Giro, de O Popular, trouxe a primeira entrevista do ex-governador sobre o caso. Quase 10 dias após a coletiva de Jayme Rincón, Marconi disse à coluna que a decisão de Gilmar Mendes pôs fim a uma “aberração jurídica”.

“Foi um aberração jurídica que consistiu na abertura de inquérito injustificado, baseado em uma questão eleitoral, e que culminou na minha derrota em 2018 e em uma série de humilhações às quais fui submetido”, exclamou Marconi.

É fato que tanto o ex-governador quanto Jayme Rincón e seus advogados insistem, para muitos exageradamente, na afirmativa de que a Operação Cash Delivery afetou o resultado das eleições de 2018, e foi a causa da derrota de Marconi na corrida pelo Senado naquele ano. Contrapondo tal afirmação, pesquisas da época apontavam crescimento de Vanderlan Cardoso e Jorge Kajuru na disputa, antes mesmo de eclodir a operação. Logo, nem só a Cash Delivery é, digamos, culpada por tal derrota.

“Foi uma farsa e naquela época eu já dizia que era uma farsa. Era um assunto eleitoral que tentaram transformar em crime. Uma coisa é doação de campanha, outra coisa é corrupção e lavagem de dinheiro”, disparou.

Perillo pretende conceder entrevista coletiva sobre a Cash Delivery na segunda-feira. Será uma oportunidade calculada para, provavelmente, assim como Jayme Rincón, transparecer alívio e tranquilidade, mesmo diante do inquérito sobre o “assunto eleitoral e a doação de campanha” que está mantido e será devolvido à Justiça Eleitoral.

Marconi está em campanha. Isso quer dizer que, além da vitória na Justiça, busca outra: a volta definitiva ao jogo político no Estado. E aí afobação não rima com remissão dos pecados.