Uma estudante de 39 anos, que preferiu não se identificar, denuncia que ela e a companheira, de 38 anos, foram agredidas por três vizinhos por serem lésbicas, em Trindade. Ela conta que já registrou três ocorrências na polícia após sofrer homofobia pelas mesmas pessoas. Segundo ela, na última situação, o casal de mulheres levou socos, chutes, pontapés e até mordida.

“Estamos sofrendo perseguição por sermos homossexuais. Eu estava varrendo a porta de casa e a vizinha estava me encarando. Eu perguntei ‘o que foi que você está olhando?’ e ela falou ‘como é que é?’ e já veio e falou ‘cala a boca, sua sapatona vagabunda’. Me deu um tapa e vários murros”, contou.

As agressões aconteceram na última quinta-feira (17), em frente à casa onde elas moram. No dia, a estudante conta que estava varrendo a porta de casa quando uma vizinha chegou, começou a encará-la e a debochar dela.

Durante a discussão, a filha da dona da casa e o marido dela também participaram das agressões, conforme relatou a mulher. Ela diz ainda que o homem tentou enforcá-la e deu socos na barriga dela. 

“A filha dela também começou a me agredir com puxões de cabelo, tapas, socos e tentaram até tirar a minha roupa. Depois, chegou o marido da mulher, que tentou me enforcar”, disse.

Durante a briga, a mulher conta que os demais vizinhos, que não estavam participando das agressões, ficaram filmando a situação e não chamaram a polícia. 

Ela e a companheira conseguiram acionar a Polícia Civil e a vizinha, que discutiu com o casal, chegou a ser levada para a delegacia, mas foi liberada. Já as vítimas passaram por corpo de delito e um relatório médico apontou que a estudante teve lesões no rosto, no tronco, múltiplas escoriações, hematomas, trauma abdominal e uma marca de mordida no rosto. 

Revoltada com a situação e cansada de não ter paz em casa, a estudante disse que representou criminalmente na Polícia Civil contra a vizinha, a filha dela e o marido da mulher. Segundo ela, o caso está sendo investigado pelo 2º Distrito Policial de Trindade. 

Outras brigas

A estudante conta que vive na casa com a companheira há cerca de dez anos, mas que a perseguição começou em 2022. A primeira vez que elas registraram ocorrência contra os vizinhos foi no dia 30 de julho e a segunda, em 4 de outubro.

Na primeira vez, a mulher conta que um vazamento na casa dos vizinhos estava causando uma infiltração no muro da casa dela. Com isso, ela foi até a residência ao lado para conversar com os moradores. Na ocasião, ela diz que a dona da casa a recebeu com ofensas. 

“Ela falou que nós não prestávamos e que não valíamos nada, falou que queria quebrar a minha cara e me bater. Eles não têm respeito, sempre me xingam de puta, piranha, vagabunda. Falam que não somos pessoas para poder morar perto deles”, contou.

Na segunda vez, ocorrida no dia 4 de outubro, a estudante conta que denunciou os vizinhos após uma discussão também por causa de problemas nas casas. Ela relata que estava fazendo uma obra e foi, junto a companheira, até a casa da vizinha para falar que iria aumentar o muro de sua residência. No entanto, ela afirma que foi recebida com ofensas.

“Ela falou que nós tínhamos a obrigação de arrumar a casa dela, ficou gritando, falando para bater no nosso portão. Nós fomos lá para conversar sobre isso, falar que iríamos aumentar o muro, mas ela [a vizinha] foi tão grossa”, contou. 

“Eu fico me perguntando o que é que a gente fez para eles. Mas nunca fizemos nada”, desabafou a estudante.

*Com informações de g1

Leia também: É aprovada taxação de produtor agropecuários