O funcionário público Luiz Carlos das Dores, que teve infecção generalizada após colocar facetas nos dentes, morreu de causa natural, segundo laudo da Polícia Científica. Na época da morte, em setembro do ano pasado, familiares alegaram que Luiz teve a infecção por causa das facetas e registraram ocorrência na polícia. A autópsia mostrou, porém, que a morte não teve ligação com o tratamento odontológico.

A defesa da dentista Jamilly Flexa, que colocou as facetas em Luiz Carlos, disse que aguarda a conclusão do inquérito policial, bem como do processo administrativo no Conselho Regional de Odontologia, para tomar as providências cabíveis em face das pessoas que a denunciaram (veja a nota íntegra ao final).

“Portanto, concluímos pelo óbito de causa natural (doença cardiovascular e septicemia), sem nexo de causalidade com o tratamento odontológico estético realizado em 12/05/2022”, diz o resultado do exame.

Segundo o documento, Luiz Carlos teve dissecção da aorta e um trombo volumoso, que é uma condição preexistente, ou seja, não depende de fator externo, e uma infecção causada por bactéria.

Após a morte do paciente, o Conselho Regional de Odontologia de Goiás (CRO-GO) abriu um procedimento administrativo para apurar o caso. A reportagem entrou em contato com o CRO, por e-mail, nesta quarta-feira (11), para saber se houve conclusão, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

A Polícia Civil foi contatada por e-mail, nesta quarta-feira, para saber se houve conclusão da investigação, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

A reportagem não conseguiu contato com familiares de Luiz Carlos para falar sobre o laudo até a última atualização desta reportagem.

Luiz Carlos das Dores, de 56 anos, em Goiânia Goiás — Foto: Arquivo Pessoal/Benedito do Nascimento

Internação e agravamento

O marido de Luiz Carlos, o empresário Benedito Antônio Nascimento, contou na época da morte que a vítima teve vários problemas com as próteses por mais de um mês, até que foi parar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e não resistiu. Luiz colocou 24 facetas, que custariam R$ 42 mil.

O empresário contou que os exames de raio-x apontaram que ele tinha uma doença de perda óssea, o que, segundo outra profissional que orientou a família, impossibilitava que ele tivesse feito o procedimento. Ele foi internado no dia 8 de agosto e morreu 10 dias depois.

“No dia 27 de junho ele já estava com as facetas. Dias depois, começou a ter dores. Passou muito mal no começo de agosto. Teve inchaço em um dos dentes e uma íngua. A dentista o avaliou, mas disse que ele não tinha nada”, conta Benedito.

Depois do inchaço, Benedito contou que o marido teve falta de ar, queda na saturação e de pressão, além da dor no dente. Alguns dias depois, foi internado em um hospital, e logo transferido para a UTI de outra unidade de saúde.

À esquerda Benedito e à direita o esposo, Luiz. Em Goiás — Foto: Arquivo Pessoal/Benedito Antônio Nascimento

Em suas redes sociais, a dentista Jamilly Flexa agradeu a Deus pela inocência:

“Obrigado, meu Deus, por mais um dia de vitória, por mais um dia de novos desafios e novas conquistas. Agradeço a Deus por estar sempre ao meu lado, me protegendo, me guardando e sempre me amando. Sem o Senhor, minha vida não teria significado. Obrigado, meu Deus, por todas as lições e bênçãos”.

Nota de defesa da dentista

Segundo a defesa da doutora Jamilly Flexa, ela vem sofrendo uma denunciação caluniosa a qual abalou sensivelmente a sua vida financeira e emocional, ao ser acusada injustamente por ter colocado facetas no paciente Luz Carlos, e devido isso ter sido vinculado com a morte dele.

Ocorre que foi feito a exumação do cadáver e do IML, e o laudo cadavérico constatou que não existe nenhum nexo de causalidade da colocação das facetas com a morte de Luiz Carlos.

Diante disso, a defesa só aguarda a conclusão do inquérito policial, bem como do processo administrativo no Conselho Regional de Odontologia para tomar as providências cabíveis em face das pessoas que a denunciaram e colocaram em suas redes sociais a difamando e injuriando, bem como colocando laudos odontológicos do inquérito sem a devida precisão e veracidade.

*com informações de G1

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