O padre Fábio de Melo se tornou um dos assuntos mais comentados na internet ao participar do programa Altas Horas, no último sábado, 4. Na ocasião, o rosto do religioso parecia inchado, e usuários das redes sociais especularam se tratar do resultado de uma harmonização facial.

Na segunda-feira, 6, o padre revelou que sofre com a Doença de Ménière, um distúrbio que causa a perda da audição do ouvido esquerdo. O inchaço no rosto teria sido causado pelo uso de medicamentos que combatem os sintomas da doença, como corticóides.

Doença de Ménière

De acordo com o Dr. Wanderley Cerqueira, neurocirurgião do Hospital Albert Einstein, a Doença de Ménière é caracterizada por vertigem, perda auditiva, pressão no ouvido, inchaço e acompanhamento de tinnitus (zumbido não relacionado a nenhum problema psíquico).

“As crises normalmente ocorrem de maneira súbita e podem durar desde minutos até horas. A maioria das vezes ela pode passar despercebida em sua fase inicial e ocorrer isoladamente em alguns casos, sem repetição das queixas”, explica. Wanderley revela que as crises agudas têm curta duração, mas podem ser repetitivas em casos crônicos. Elas costumam melhorar espontaneamente.

O médico do Hospital Albert Einstein afirma se tratar de uma doença benigna, mas que causa incômodos. “Quando não ocorre o tratamento adequado das crises torna-se bastante incômodo para os pacientes, limitando a sua atividade diária”, comenta.

A Doença de Ménière não tem mecanismo claro ainda, mas sabe-se que ela pode ser causada por acidentes automobilísticos (ou moto) e traumatismo craniano fechado em casos de queda da própria altura.

Sintomas e diagnóstico

O neurocirurgião explica que o início dos sintomas é caracterizado pela sensação de ouvido cheio e surtos de vertigem que passam espontaneamente e raramente duram mais do que duas horas. As crises não têm relação com a postura corporal e podem ocorrer múltiplas vezes no mesmo mês ou somente uma vez em poucos anos.

Nem todos os sintomas estão presentes na mesma crise e algumas pessoas têm um número maior de recaídas, como indica o especialista. “A doença afeta normalmente pessoas entre 40 e 50 anos, mas pode também aparecer na infância ou após os 60 anos de idade. [A condição] não é hereditária, mas há relatos de ocorrências na mesma família”, revela o médico.

O diagnóstico é feito através de exames clínicos, como audiometria, eletrococleografia e testes sorológicos realizados para afastar a existência de comorbidades.

Tratamento

O Dr. Wanderley explica como pode ser feito o tratamento da Doença de Ménière:

  • Uso de antiemético para os vômitos, benzodiazepínicos e diuréticos 
  • Diminuição do sal na dieta
  • Evitar o álcool, cafeína e nicotina
  • Reduzir o estresse

De acordo com o médico, o tratamento medicamentoso pode explicar o inchaço no rosto do padre Fábio de Melo. “Drogas imunossupressoras e corticóides, que causam retenção de sódio e água no organismo, podem levar a inchaços”, declara.

Mas afinal, harmonização facial pode causar inchaço?

Mesmo não sendo o caso do padre Fábio de Melo, a médica cirurgiã e especialista em dermatologia, Dra. Carla Góes, revelou que tratamentos estéticos na face podem causar inchaço. 

“O ideal é que qualquer tratamento seja feito gradativamente para que as estruturas sejam alinhadas de maneira natural e que o paciente tenha apenas uma aparência de saúde e descanso. Mas às vezes, existe o edema (inchaço) inesperado produzido pelo próprio organismo”, explica.

A profissional comenta que existem procedimentos capazes de reverter o exagero do botox e da harmonização facial, mas é papel do especialista que vai aplicar o tratamento estético evitar qualquer transtorno. “Cabe também ao médico conversar com o paciente, e explicar que não é a quantidade enorme de produto que irá fazer o rosto ficar mais harmônico, e sim a maneira aplicada de forma responsável e consciente para que ele fique natural”, destaca.

Carla ressalta a importância de tomar todos os cuidados. ” Um grande alerta é que existem produtos de ótima qualidade e outros de baixa qualidade que não recomendo. Escolher os produtos de ótima qualidade faz toda a diferença”, afirma.

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*Com informações de Terra