Pesquisa PoderData realizada de 14 a 16 de agosto de 2022 mostra que 43% dos eleitores que receberam algum pagamento do Auxílio Brasil no último mês deixaram de pagar alguma conta no mesmo período. Nesse estrato, 48% conseguiram manter os boletos em dia.

 A taxa de inadimplência é ligeiramente maior entre os que não foram beneficiados pelo programa social em julho: 49%. Outros 44% deste grupo não deixaram de quitar nenhuma conta. 

Infográfico: Reprodução/Poder 360

O benefício social é a aposta do governo para melhorar a imagem do presidente entre os eleitores mais pobres e impulsionar suas intenções de voto nesse estrato. Além de ter turbinado o valor pago a partir deste mês, nas últimas semanas, a gestão federal tem agido para diminuir preços e melhorar as condições de vida no país. Os percentuais de inadimplência próximos –diferença de 6 p.p.– entre os 2 grupos sugerem que, até agora, o pagamento do programa social teve efeito limitado no bolso dos beneficiários. 

A pesquisa foi realizada pelo PoderData, empresa do grupo Poder360 Jornalismo, com recursos próprios. Os resultados são divulgados em parceria editorial com a TV Cultura. Os dados foram coletados de 14 a 16 de agosto de 2022, por meio de ligações para celulares e telefones fixos. Foram 3.500 entrevistas em 331 municípios nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. O intervalo de confiança é de 95%. O registro no TSE é BR-02548/2022. 

Para chegar a 3.500 entrevistas que preencham proporcionalmente (conforme aparecem na sociedade) os grupos por sexo, idade, renda, escolaridade e localização geográfica, o PoderData faz dezenas de milhares de telefonemas. Muitas vezes, são mais de 100 mil ligações até que sejam encontrados os entrevistados que representem de forma fiel o conjunto da população. Saiba mais sobre a metodologia lendo este texto. 

CURVAS EM 2022 

Na população geral, os índices variaram na margem de erro, de 2 pontos percentuais, da pesquisa desde o início do ano. No último mês, 47% da população deixaram de pagar alguma conta. Outros 45% mantiveram os boletos em dia. 

Infográfico: Reprodução/Poder 360

A curva histórica, com oscilação mínima do final de janeiro até agosto, sugere que as ações do governo tiveram pouco ou nenhum efeito sobre isso. O humor do eleitor com contas atrasadas para pagar é sempre pior em relação ao governo de turno. Portanto, torna-se um obstáculo para Bolsonaro, que espera faturar eleitoralmente com o Auxílio Brasil. 

RECORTES DEMOGRÁFICOS

Os percentuais dos que não pagaram alguma conta têm pouca variação entre as regiões do país. Nos recortes por renda, vão a 50% entre aqueles que recebem até 2 salários mínimos e permanecem altos (44%) nas demais faixas de renda. 

Infográfico: Reprodução/Poder 360

Os percentuais dos que não pagaram alguma conta têm pouca variação entre as regiões do país. Nos recortes por renda, vão a 50% entre aqueles que recebem até 2 salários mínimos e permanecem altos (44%) nas demais faixas de renda. Indicam que a inadimplência, hoje, é generalizada e persistente, presente em todas as regiões e faixas de renda.

DIFERENÇAS NAS PESQUISAS 

Esta eleição presidencial está sendo desafiadora para as empresas que fazem pesquisa. Há muitos resultados indicando sinais divergentes. Ficou difícil saber qual é a tendência real deste momento. 

É importante dizer que todas as pesquisas estão certas, cada uma dentro da metodologia que escolhe. Cada sistema pode ter vantagens e desvantagens, a depender da conjuntura que pretendem apurar. 

Em 2018, por exemplo, havia muito “voto envergonhado” em Jair Bolsonaro. Alguns levantamentos presenciais tinham dificuldade de captar esse tipo de preferência. Já as pesquisas por telefone davam mais conforto para parte dos eleitores que optavam pelo então candidato a presidente pelo PSL (hoje, Bolsonaro está no PL). 

Ainda não está claro o impacto que cada metodologia tem na coleta de dados. Mas já se sabe que pesquisas presenciais tendem a ter um resultado apontando uma liderança mais folgada de Lula. E pesquisas por telefone (sobretudo as automatizadas e neutras, com uma gravação fazendo as perguntas, como o PoderData) tendem a mostrar uma disputa mais apertada. 

Nos Estados Unidos, há décadas não se usa pesquisa presencial para aferir intenção de voto em nível nacional. O ambiente polarizado ao extremo prejudica a coleta dos dados quando o entrevistador e o entrevistado ficam frente a frente.

Em suma, é importante registrar que não se trata de haver erro em uma ou outra pesquisa. São metodologias diferentes. No final desta campanha será possível saber qual terá sido o sistema mais apropriado para apontar tendências no atual momento político brasileiro. 

METODOLOGIA 

A pesquisa PoderData foi realizada de 14 a 16 de agosto de 2022. Foram entrevistadas 3.500 pessoas com 16 anos de idade ou mais em 322 municípios nas 27 unidades da Federação. Foi aplicada uma ponderação paramétrica para compensar desproporcionalidades nas variáveis de sexo, idade, grau de instrução, região e renda. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos. 

As entrevistas foram realizadas por telefone (para linhas fixas e de celulares), por meio do sistema URA (Unidade de Resposta Audível), em que o entrevistado ouve perguntas gravadas e responde por meio do teclado do aparelho. O intervalo de confiança do estudo é de 95%. 

Para facilitar a leitura, os resultados da pesquisa foram arredondados. Por causa desse processo, é possível que o somatório de algum dos resultados seja diferente de 100. Diferenças entre as frequências totais e os percentuais em tabelas de cruzamento de variáveis podem aparecer por conta de ocorrências de não resposta. Este estudo foi realizado com recursos próprios do PoderData, empresa de pesquisas que faz parte do grupo de mídia Poder360 Jornalismo. Os resultados são divulgados em parceria editorial com a TV Cultura. A pesquisa está registrada no TSE sob o número BR-02548/2022. 

Infográfico: Reprodução/Poder 360

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*com informações de Poder 360